Navegante Flâneur
sábado, 11 de maio de 2013
Carta de amor...
Esta carta de amor...que chegue a seu destinatário.
E uma carta de amor sempre chega ao seu destino.
Que a leiam as mães, no dia que é dito o seu.
Um filho a escreveu tomado de seu carinho, um belo dia.
"Dizem que a cor do amor é o vermelho, mas eu posso provar que é verde!
É bem possível que na primeira vez que consegui abrir meus olhos e ter algum contato visual com o mundo, agraciado pelo saudável e revigorante deleite do alimento no seio materno, me deparei com a grandiosa força de um par de olhos verdes que deixou gratas marcas por toda minha jornada de vida.
O olhar de mãe transmite um amor incondicional, cujas palavras não existem em grandeza para expressá-lo, e no meu caso, a simbologia mais próxima que encontrei para externar tal sentimento é que, para mim, o amor é verde!
Num simples olhar, o encontro à segurança, ao conforto, à paz, ao alimento, à energia e ao carinho. Nesse verde, o reconhecimento à existência, à construção orientada, responsável, bem conduzida, cuidadosamente assistida, desde os meus primeiros momentos de vida. E como se não bastasse, o tempo foi mostrando que, além do amor ser verde, também verdes se tornaram as minhas melhores referências.
Em minha história, é verde o exemplo de luta; de entrega a uma causa; de que o conhecimento é um alimento único e substancial; de que é sendo forte e determinado que se transforma o desejo em realização; de que na vida não existem sacrifícios, e sim investimentos; de que é possível ir até onde se quer chegar, bastando, para isso, querer...
E assim aprendi que se o verde brilha tanto diante de mim, deve ser gratificante ser um brilho assim. E não podia ser diferente, aprendi o que o verde me ensinou, ofereci o que entendi ser o melhor de mim, e, junto ao amor incondicional que recebi, transmiti, até geneticamente, o verde para minha filha. Minha princesinha, que me faz transbordar de tanto orgulho, por ver que muito do verde que aprendi, agora é também fonte saudável para o seu crescimento . Lá, nos olhos dela, disseminada geração após geração, novamente a prova de que o amor é verde.
E também verdes são os olhos de minha amada, meu aconchego, minha paz interior, meu eterno desejo e fonte de inspiração, minha companheira para toda a vida. Escolha aleatória? Coincidência? Claro que não, foi amor mesmo. É como disse, o amor é verde.
Olhando para trás, relatando minha história, sinto agora uma incontida gratidão que me toma por inteiro, que me faz, nestas poucas linhas, tentar traduzir e compartilhar o quanto seus princípios e valores nortearam minha vida, e graças ao seu verde sincero, posso ser um bom filho, um bom homem, um bom pai.
Obrigado, mãe! Você é a maior prova de que o amor é verde!
Parabéns pelo seu dia!"
terça-feira, 7 de maio de 2013
Blog, diário não muito íntimo?
Da leitura
interessante e instigante de um artigo “Do navegar e de navegantes” de Zahidé
Lupinacci Muzart, na internet, recolho algumas questões dela e acrescento
algumas, que são minhas. Diz ela:
“Antes da busca por diários, julgava que o
século XIX, entre nós, seria pródigo no gênero. Pura ilusão, rapidamente
desmentida pelos poucos encontrados. Na verdade, o século do diário, das
memórias e do autobiográfico é o século XX”.
Se os críticos literários afirmam
que o diário é o lugar de eleição para as mulheres que teriam predileção por
gêneros menores, mais
intimistas, como cartas e diários, um blog, nem tão diário, nem tão íntimo,
enquadrar-se-ia como um gênero menor,
de se escrever?
“Em oposição aos diários escritos por mulheres
no século XIX, a portas fechadas e em seus grossos cadernos de tão difícil
encontro, aparecem hoje os modernos “diários íntimos” espalhados na internet”
diz Zahidé.
O diário íntimo se caracteriza pelo fracionamento, pelo
descontínuo, pela ausência de elaboração, que rejeitaria em tese qualquer
organização. O registro do efêmero, a aplicação da angústia, mais que um texto,
uma prática, uma forma de viver.
Não é o caso do blog...
O blog, o que é? Diário? Não é.
Íntimo? Não é, já que qualquer um pode acessá-lo e o parceiro leitor não é escolhido, embora possa ser convidado. E convidados são todos, na medida em que o blog assim se define: aberto. Não havia me dado conta de que “Navegante” e “Flâneur” definiriam, como significantes, a intenção, o caminho e os recursos de transmitir um olhar, o meu, sobre a vida, as pessoas, a cidade, os lugares e, deles, os mais íntimos de minha maneira de escrever. Sem filtros, sem concursos, sem editoras, sem mediação.
Íntimo? Não é, já que qualquer um pode acessá-lo e o parceiro leitor não é escolhido, embora possa ser convidado. E convidados são todos, na medida em que o blog assim se define: aberto. Não havia me dado conta de que “Navegante” e “Flâneur” definiriam, como significantes, a intenção, o caminho e os recursos de transmitir um olhar, o meu, sobre a vida, as pessoas, a cidade, os lugares e, deles, os mais íntimos de minha maneira de escrever. Sem filtros, sem concursos, sem editoras, sem mediação.
domingo, 5 de maio de 2013
Vem comigo?
onde se ancora,
porto
de onde se sai,
partida risco,
calmaria e mar revolto...
solo
húmus
canto...
do ar à água,
do rio ao porto,
da música ao solo,
do solo ao riso,
do nada ...
Vem comigo?
Varredura
Varrer,varrer,varrer.
Podar,podar,podar. Todas as folhas secas, sem faltar
nenhuma. Tudo que for consumir mais que deve, em tempo tão seco.
Quem sabe as plantas se toquem e renasçam à chuva?
Fechar janelas antes que o frio se faça,
cortante como sóe nas madrugadas de julho.
Batismo ou crisma?
Iniciação ou renovação de promessas? Há quem diga: morri.
Prometo que estarei viva, ainda que tudo diga o contrário,
Antes que a boca seque, e as lágrimas se derretam manchando
a face,
Antes que as palavras se enxuguem e até que elas se enxuguem
e cheguem ao carbono
Que os diamantes são feitos dele e não se quebram...
A dureza que é verdade, mais que verdade, crueza, mais que
crueza, pura falta.
Tudo escreve a minha volta.
Cada som.
Meu piano mudo que não tenho coragem de fazer vibrar.
Meu violão que já nem
tenho, doei e ninguém tocou por mim...
Minha voz cujas cordas enfraqueci ao longo do tempo, de fumo
e fumaça.
Ninguém há de tocar por mim as cordas velhas e enferrujadas
de meu desejo.
Quem sabe as faço de
nylon? Serão mais fáceis de dedilhar? Será a vida mais soft ? Duvido!
A poesia que entreguei à professora de francês, nem sei mais
ao certo o que dizia, mas era algo sobre as asas do desejo, certamente asas de
anjo, les ailes ouvertes sur la vie. Vie, vide. (vida, vazio)
Ela a recusou dizendo: “poesia é fácil”, quero ver a
estrutura, quero ver a correta colocação dos pronomes nos seus lugares!!
Tenho de concordar com ela, em parte.
A correta colocação dos pronomes nos seus lugares é
fundamental...
Espero um dia saber fazê-lo, com poesia.
quarta-feira, 1 de maio de 2013
Viver em Paris...inferno moderado
"Imagine-se morto e grato por ter ido parar no céu, até que em
determinado dia, ou século,se abate sobre você a sensação de que seu principal
estado de espírito é a melancolia, apesar de crer que a felicidade está ali na
próxima esquina.Viver em Paris durante anos ou décadas é parecido com isso.É um
inferno moderado, tão confortável, que se parece com o céu."( Edmund White
em O Flâneur ,Companhia
das Letras,2001)
"Ter vivido em Paris te incapacita a viver em qualquer outro lugar, incluindo Paris."
(John Ashbery, citado
Vou-me embora pra Paris...
Nunca vivi em Paris, a não ser em sonhos, sonhos realizados a cada viagem.
Mas isto não é viver em
Paris.
Imagino que viver em Paris seja, afinal, experimentar o absoluto cair
desse sonho até o desarvoramento. De poder ser tudo e nada, alguém-ninguém
esquecido de si num café da rue Soufflot, acompanhado de vinho e uma salada
"au chèvre chaud”
Lá não serei
amiga do rei, nem da rainha, nem de ninguém.
Lá serei a
mulher que quero na cama que escolherei
Preciosité...quisera eu!
A Préciosité
é uma das correntes literárias do seculo XVII..
Este movimento
se desenvolve entre 1610 e 1660 nos salões da Provence francesa. Valiam a
elegância no gosto, nas maneiras e na linguagem ! Isto merecia
prêmio ! Para aceder a este lugar e aos salões onde encontros culturais
eram realizados, em geral por mulheres, damas da sociedade, não era suficiente
a nobreza do sangue, mas uma nobreza de alma. O amor era visto como pura
inclinação de espírito e o heroísmo, retomado como ideal. Ali se fazia
literatura e se escreviam poemas, quase sempre sobre o amor. As metáforas são reencontradas, o uso de
expressões hiperbólicas, a delicadeza de termos, os neologismos são notáveis.
Ah !!!
Quisera eu poder,
bisneta de um carroceiro de Verona,
neta de um clarinetista de banda de música de
uma corporação musical do interior,
que se casou com uma operária de fábrica de cerveja
que se casou com uma operária de fábrica de cerveja
e de um visionário protético prático de 1898,
descendente de lavradores que conseguiu, de barbeiro, chegar a dentista e se casou com uma menina que tocava bandolim...
descendente de lavradores que conseguiu, de barbeiro, chegar a dentista e se casou com uma menina que tocava bandolim...
gozar da graça de cantar o amor com a
delicadeza que tenho na alma,
com o calor que experimento no corpo e a alegria que acelera meu coração,
com palavras que apenas voassem,
levemente,
cortando a brisa como pequenos pássaros,
sem ferir, nem perder a dignidade ao seguirem seu destino !
com o calor que experimento no corpo e a alegria que acelera meu coração,
com palavras que apenas voassem,
levemente,
cortando a brisa como pequenos pássaros,
sem ferir, nem perder a dignidade ao seguirem seu destino !
Quisera
eu !!!
Quisera eu gozar desta preciosité...sem ser preciosa.
Ser singular sem deixar de ser comum...
Quisera eu gozar desta preciosité...sem ser preciosa.
Ser singular sem deixar de ser comum...
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